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Direito da FUMEC sobe a Serra pela defesa do meio ambiente

Com a mesma audiência e repercussão de anos anteriores, projeto de extensão mobiliza alunos, palestrantes e gestores ambientais da capital.

“Incêndios florestais: motivos e soluções” e “Administração pública e o gerenciamento de resíduos sólidos” foram os temas das palestras, seguidas de debates e esclarecimentos, realizadas na última semana de setembro, e que integraram o tradicional “FUMEC vai à Serra”, projeto que contempla o calendário de atividades extracurriculares desenvolvido pelo curso de direito da Universidade FUMEC. Essa 8ª edição do evento, sob coordenação pedagógica do ambientalista e professor de direito ambiental da instituição, Mário Werneck, 57, ocorreu no período da manhã em plena Serra do Cipó, emblemática área de proteção ambiental, localizada em Jaboticatubas, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Entre os graduandos do 10º período e mestrandos do curso, 110 alunos participaram da iniciativa.
Com 13 anos de Corpo de Bombeiros, dos quais nove dedicados às áreas de prevenção e combate a incêndios florestais, o tenente Davi Lucas Soares, 33, que ostenta orgulhoso uma pós-graduação em educação ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), defendeu em sua palestra a necessidade “urgente” de reforçar e legitimar a prevenção e os cuidados com o meio ambiente, via formação escolar. “Estou convencido, enfatiza ele, de que a eficácia deste setor começa e se conclui num amplo processo de educação ambiental”. Nas entrelinhas, Davi ainda denuncia que ações terapêuticas, ocasionais, no caso de incêndios e depredações de matas, por mais eficientes que pareçam ser, não se comparam com a criação de uma cultura preventiva em bases sólidas e perenes. “Os delitos ambientais são muitos, em especial, a ocorrência de incêndios florestais. Tudo isso pode ser evitado com educação. Este evento da Fumec é um exemplo desta perspectiva” sublinha o tenente.
O gerenciamento de resíduos sólidos no âmbito da gestão pública, que naturalmente desemboca nos conflitos ambientais, foi outro assunto que despertou atenção e curiosidade dos alunos. O palestrante Vitor Mário Valverde, 39, que dirige a secretaria municipal de Governo, admitiu em sua palestra que as políticas públicas em geral têm um viés da complexidade do senário urbano brasileiro. Valverde salienta que boa parte dos problemas que as grandes cidades enfrentam apresentam sua origem na configuração “megalomaníaca do Estado”, desenhada pela Constituição 88. “Daí, justificar o alto preço dos serviços custeados pela sociedade”. O secretário ainda deixa transparecer que o processo de industrialização ao qual estamos submetidos e o seu enraizamento no modelo de construção da vida moderna, com certeza, é um dos vilões que explicam o nosso caos de cada dia. Valverde não deixou de enaltecer a iniciativa da Fumec como uma oportunidade de diálogo aberto com os estudantes de direito sobre as políticas públicas na área ambiental.
Ao mesmo tempo que reconhecem a importância pedagógica e cidadã embutida no projeto da faculdade, os alunos Bernardo de Castro Gonçalves e Marina Silva Corrêa não só ratificaram a defesa dos palestrantes como foram além: “tivemos a oportunidade de conhecer a realidade ambiental de nossas florestas e da ação predatória do ser humano sobre elas e, sobretudo, de aprofundar nas questões mais amplas que envolvem a desgastada e, às vezes, desacreditada gestão pública dos grandes centros. Tudo isso é fundamental para a nossa formação como estudantes e pessoas”.
Mesmo envaidecido com a avaliação positiva dos alunos e palestrantes sobre o êxito do evento, o professor Mário Werneck continua intransigente na defesa da inclusão obrigatória da política ambiental à educação de base. Werneck acredita ser este o único caminha viável para mudar o lamentável cenário ambiental brasileiro. Ao ser informado de que, extraoficialmente, 22 focos de incêndio foram identificados em áreas ambientais da Grande-BH, só entre janeiro e outubro deste ano, o professor foi enfático: “este e outros absurdos só serão resolvidos com o processo de educação e o suporte eficiente da coerção”.

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