Uma mercadoria indígena e seus paradoxos: a folha de coca em tempos de globalização
DOI:
https://doi.org/10.46560/meritum.v6i2.1081Palavras-chave:
Mobilização social na Bolívia. Campesinato indígena. Folha da coca. Descolonização.Resumo
O processo de mobilização social iniciado na década de 2000 teve como protagonistas diversos setores do campesinato indígena. Esse processo culminou na eleição do cocaleiro aimará Evo Morales, que se tornou o primeiro presidente indígena da América. Findou-se, assim, um ciclo de mais de vinte anos de pactos parlamentares não transparentes e partilhas do aparelho estatal entre os partidos crioulos da vertente neoliberal e populista. Contudo, os interesses imperialistas, que envolvem corporações farmacêuticas e de multinacionais, conseguiram montar aparato de repressão contra a folha de coca, sob o argumento abstrato e hipócrita de defesa da saúde pública dos países consumidores. No outro extremo, os produtores de coca resistem a essa guerra desigual. Os cocaleiros e os distribuidores e consumidores são atores e protagonistas da modernidade indígena boliviana, assentada em mercado interno de longa data como cenário de processos de empoderamento, iniciativa histórico-cultural e descolonização. Como a maioria da população faz parte desse mercado, a resistência não se limita à luta contra a erradicação das zonas produtoras; também é preciso enfrentar os controles e proibições que pesam sobre o mercado e o estigma que se associa ao consumo da folha. O peso dessas disputas delimita cenário de conflito para o atual governo, e é necessário compreendê-las em toda a sua profundidade histórica, o que é o objetivo com este estudo.Downloads
Publicado
30/12/11
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Artigos
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