EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL DE UMA ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO DOS ANOS 60, QUE ABRIGA 42 FAMÍLIAS NUM CONDOMÍNIO TIPO CORTIÇO VERTICAL NO CENTRO DE SÃO PAULO

Autores

  • Karina Cavalcante de Oliveira USP
  • Paulo Helene
  • Maria Ruth Amaral de Sampaio USP
  • Caue Cesar Carromeu
  • Douglas de Andreza Couto
  • Pedro Bilesky

Palavras-chave:

Vida útil, reforço, corrosão, mutirão, responsabilidade social.

Resumo

Esse artigo apresenta o trabalho realizado para extensão da vida útil de um edifício dos anos 60, através de intervenções corretivas nas suas estruturas de concreto armado. O edifício semiacabado e habitado por 42 famílias, composto por oito andares tipo e um subsolo, está localizado no bairro do Bom Retiro em São Paulo. O empreendimento foi abandonado durante a construção, ainda na fase de conclusão da superestrutura, devido ao falecimento do proprietário. Em meados dos anos 1980, o edifício virou abrigo de diversas famílias, que executaram por conta própria as alvenarias, instalaram portas e janelas e ali habitam precariamente. Nenhum tipo de manutenção preventiva e nem mesmo sistemas de impermeabilizações foram realizados, de modo que a estrutura ficou exposta à atmosfera agressiva da capital por 50anos. Há cerca de 11anos o edifício passou a ser objeto de estudo de um grupo de alunos da FAU.USP, sob a supervisão da Profª. Dra. Maria Ruth Amaral, e, graças à nova organização, receberam um prêmio internacional pela atuação social e gerencial conseguida pelos moradores com apoio da universidade. Desde aquela época, a estrutura dava sinais de estar com problemas, e em 2011 ficou evidente a necessidade de medidas corretivas urgentes. Uma das grandes dificuldades de intervir é que desconhecese a resistência do concreto, os projetos estruturais e qualquer outra informação técnica sobre essa estrutura. Foi então que a Profª. Maria Ruth solicitou apoio do Prof. Paulo Helene. Foram realizadas inspeções visuais e detalhadas, com medidas geométricas, extração de testemunhos, profundidade de carbonatação e outros ensaios que viabilizaram um projeto de renovação da vida útil. Como o Condomínio não tem recursos para fazer frente aos gastos com uma intervenção corretiva tradicional, optou-se por treinamento dos moradores com técnicas de reforço que, em regime de mutirão, reforçaram parte da estrutura sob orientação técnica de empresa especializada. Atualmente, foram reforçados os pilares mais críticos do subsolo e do térreo, constituindo-se esta experiência um grande exemplo de responsabilidade social das empresas envolvidas e organização dos moradores, além de um caso ímpar de avaliação da durabilidade de estruturas de concreto.

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